terça-feira, 9 de dezembro de 2008

domingo, 30 de novembro de 2008

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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Sal da Terra



(para ver em moldura dourada clique em

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Saber viver é vender a alma ao diabo

Gosto dos que não sabem viver,
dos que se esquecem de comer a sopa
(Allez-vous bientôt manger votre soupe,
s... b... de marchand de nuages?")
e embarcam na primeira nuvem
para um reino sem pressa e sem dever.

Gosto dos que sonham enquanto o leite sobe,
transborda e escorre, já rio no chão,
e gosto de quem lhes segue o sonho
e lhes margina o rio com árvores de papel.

Gosto de Ofélia ao sabor da corrente.

Contigo é que me entendo,
piquena que te matas por amor
a cada novo e infeliz amor
e um dia morres mesmo
em "grande parva, que ele há tanto homem!"

(Dá Veloso-o-Frecheiro um grande grito?...)

Gosto do Napoleão-dos-Manicómios,
da Julieta-das-Trapeiras,
do Tenório-dos-Bairros
que passa fomeca mas não perde proa e parlapié...

Passarinheiros, também gosto de vocês!
Será isso viver, vender canários
que mais parecem sabonetes de limão,
vender fuliginosos passarocos implumes?

Não é viver.
É arte, lazeira, briol, poesia pura!

Não faço (quem é parvo?) a apologia do mendigo;
não me bandeio (que eu já vi esse filme...)
com gerações perdidas.

Mas senta aqui, mendigo:
vamos fazer um esparguete dos teus atacadores
e comê-lo como as pessoas educadas,
que não levantam o esparguete acima da cabeça
nem o chupam como você, seu irrecuperável!

E tu, derradeira geração perdida,
confia-me os tues sonhos de pureza
e cai de borco, que eu chamo-te ao meio-dia...

Por que não põem cifrões em vez de cruzes
nos túmulos desses rapazes desembarcados p'ra morrer?

Gosto deles assim, tão sem futuro,
enquanto se anunciam boas perspectivas
para o franco frrrrancais
e os politichiens si habiles, si rusés,
evitam mesmo a tempo a cornada fatal!

Les portugueux...
não pensam noutra coisa
senão no arame, nos carcanhóis, na estilha,
nos pintores, nas aflitas,
no tojé, na grana, no tempero,
nos marcolinos, nas fanfas, no balúrdio e
... sont toujours gueux,
mas gosto deles só porque não querem
apanhar as nozes...

Dize tu: - Já começou, porém, a racionalização do trabalho.
Direi eu: - Todavia o manguito será por muito tempo
o mais económico dos gestos!

*
Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um satanazim que se dá por contente
de te levar a ti, a escarnecer de mim...

Alexandre O'Neill

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

"Há um tempo em que as ideias nos tiranizam, em que não passamos de uma vítima infeliz dos pensamentos do outro. Esta “posse” por outro parece ocorrer em períodos de despersonalização, quando os “eus” antagónicos se descolam, por assim dizer. Normalmente, somos impenetráveis às ideias; elas vêm e vão, são aceitas ou rejeitadas, vestidas como camisas e despidas como peúgas sujas. Mas naqueles períodos a que chamamos crises, quando a mente se fende e estilhaça como um diamante sob as investidas de um malho, as ideias inocentes de um sonhador agarram-se, fixam-se nas fissuras do cérebro, e, por qualquer subtil processo de infiltração, provocam uma codificação definida e irrevogável da personalidade. Exteriormente, pouco muda, o indivíduo afectado não começa a comportar-se, de súbito, de modo diferente; pelo contrário, até pode comportar-se de modo mais “normal” do que antes. Esta normalidade aparente assume, de modo crescente, a característica de um dispositivo de protecção. Do disfarce superficial o indivíduo passa para o disfarce interior. A cada nova crise, porém, torna-se mais consciente de uma mudança que não é mudança e sim, antes, a intensificação de algo profundamente oculto nele. Agora, quando fecha os olhos, pode realmente ver-se. Já não é uma máscara: vê sem ver, para ser exacto. Visão sem vista, uma apreensão fluida de intangíveis: a fusão de vista e som - o coração da teia. Aí confluem as personalidades distantes que se esquivam ao contacto rude dos sentidos; aí se sobrepõem discretamente, em vivas e vibrantes harmonias, as notas dominantes do reconhecimento. Não se emprega nenhuma linguagem, não se delineiam quaisquer contornos."

"Sexus", Henri Miller

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008



sábado, 11 de outubro de 2008

Derrida:

"(...) A este propósito, gostaria de pegar naquilo que você disse da descontrução como pensamento fraco. Creio que, em certo sentido é verdade. Se “fraco” pressupõe um relativismo liberal, não; mas se define um modo de estarmos desarmados na relação com o outro, então, sim: há, em muitos dos meus textos um discurso sobre a fraqueza. É uma fraqueza que pode transformar-se na maior das forças. Mas deve haver um momento de desarmamento absoluto, e no fundo o que há pouco dizíamos da ocasião, do acaso, do aleatório, é precisamente o expormo-nos àquilo de que não nos podemos apropriar: ao que há, antes de nós, sem nós; há alguém, alguma coisa, que (nos) advém, e que não tem necessidade de nós para advir. A relação com o acontecimento, a alteridade, o acaso, a ocasião, torna-nos totalmente inermes; e deve-se sê-lo. O deve-se diz sim ao acontecimento; e é mais forte do que eu; existia antes de mim; o deve-se é sempre reconhecimento do que é mais forte do que eu. E o “deve-se” deve-se. Deve-se aceitar que isto (o outro, qualquer outro) seja mais forte do que eu para que alguma coisa advenha. Para que qualquer coisa advenha, é necessário que me falte uma certa força, e que me falte bastante. Se fosse mais forte do que o outro, ou do que advém, nada poderia advir-me. É necessária uma fraqueza, que não necessariamente é debilidade, imbecilidade, deficiência ou doença, enfermidade. É óbvio que para dizermos este tipo de fraqueza seria necessário afinarmos a semântica; mas tem de haver um limite, e a abertura é um limite.

(…) A grande questão é a da beleza, e não posso tratá-la tão rapidamente. Posso desejar que esta responsabilidade, que esta assinatura tenha uma certa forma: mas o que é que me guia na estruturação da forma? É difícil dizer. Mas é verdade que a atenção à composição tem uma relação com o nome próprio, com o modo de nos vestirmos e de aparecermos. É preciso que a forma seja esta, aí está. Não sei se lhe chamaria estética, porque não sei muito bem, neste caso, o que significa isso; tem a ver com o desejo, com a beleza, o sexo e a morte.

(…) Aconteceu-me dizer, por exemplo, que vou no sentido da desconstrução porque é isso o que advém, e é melhor haver um porvir do que não o haver. Para que qualquer coisa advenha, é necessário que haja um porvir, e portanto, se há um imperativo categórico, é fazermos todo o possível para que o porvir continue aberto. Sinto-me muito tentado a dizê-lo, mas, ao mesmo tempo, em nome de que é que o porvir valeria mais do que o passado? Mais do que a repetição? Porque o acontecimento valeria mais do que o não-acontecimento? Aqui poderia descobrir qualquer coisa de semelhante a uma dimensão ética, dado que o porvir é a abertura na qual o outro advém, e o valor do outro ou da alteridade serviria, no fundo, de justificação. È o meu modo de interpretar o messiânico: o outro pode vir, pode não vir, não posso programá-lo, mas deixo lugar para que possa vir se vier, é a ética da hospitalidade.”

"O Gosto do Segredo", Jacques Derrida e Maurizio Ferraris,
tradução de Miguel Serras Pereira
ISBN: 972-754-227-1

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Museu (2)



Banksy in the museum

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

terça-feira, 2 de setembro de 2008

What Are Little Boys Made Of ?


















"What are little boys made of?
What are little boys made of?
Testosterone and not much else.
That's what little boys are made of.

What are little girls made of?
What are little girls made of?
If you have to ask, you won´t understand anyway.
That's what little girls are made of."

James Finn Garner

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

" (...)

Passas uma noite agitada, o sono é um fluxo intermitente e entupido como a leitura do romance, com sonhos que mais parecem a repetição de um sonho sempre igual. Lutas com sonhos tal como com a vida sem sentido nem forma, procurando um desígnio, um percurso que apesar de tudo tem de existir, como quando se começa a ler um livro e ainda não se sabe em que direcção irá levar-nos. O que tu querias era o abrir de um espaço e de um tempo abstractos e absolutos em que pudesses mover-te seguindo uma trajéctória exacta e linear; mas quando pensas tê-lo conseguido reparas que estás parado, bloqueado, obrigado a repetir tudo desde o princípio. (...)"

"Se Numa Noite de Inverno Um Viajante", Italo Calvino

domingo, 24 de agosto de 2008

sábado, 23 de agosto de 2008

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Off day

segunda-feira, 14 de julho de 2008

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Spleen

Boris Vian - Je suis snob

segunda-feira, 23 de junho de 2008

terça-feira, 17 de junho de 2008

quarta-feira, 28 de maio de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

do Sublime II

desenho de João Rubim

segunda-feira, 19 de maio de 2008

do Sublime

sexta-feira, 9 de maio de 2008

segunda-feira, 5 de maio de 2008

quarta-feira, 23 de abril de 2008

ISBN 972-662-498-3

"(...)Um dia receberam em casa um convite. O príncipe comemorava com um baile de gala a exploração dos camponeses pobres e desfavorecidos. As meias-irmãs de Gata Borralheira ficaram todas excitadas com o convite vindo do palácio. Começaram logo a pensar nos vestidos caríssimos que iriam usar para alterarem e subjugarem a realidade dos seus corpos, por forma a poderem simular um padrão irrealista de beleza feminina (particularmente irrealista no caso delas, de tão feias que eram). A madrasta também fazia tenções de ir ao baile e, por isso, a pobre Gata Borralheira teve de trabalhar que nem uma moira (metáfora que não deixa de ser racista).
Chegado o dia do baile; Gata Borralheira ajudou a madrasta e as meias-irmãs a meterem-se nos seus vestidos de baile. Tarefa ciclópica: era assim como empacotar dez quilos de carne picada num saco de cinco quilos. Seguiram-se imensas camadas de cosméticos que é melhor não pormenorizar.Ao cair da noite, a madrasta e as meias-irmãs deixaram Gata Borralheira sozinha, entregue à dura lida da casa. Gata Borralheira estava inconsolável, mas teve de contentar-se com os seus discos de Marco Paulo.
De repente chispou um relâmpago e diante dela surgiu um homem como um fato largueirão, todo em algodão, e um chapéu de aba larga. A príncipio, Gata Borralheira pensou que era algum advogado elitista, mas ele depressa a elucidou.
- Olá, Gata Borralheira, eu sou o teu fado padrinho ou, se preferires, o teu procurador junto dos deuses. Queres então ir ao baile, não é verdade? E submeter-te ao conceito masculino de beleza? Espremer-te num vestido tão justinho que te prejudique a circulação sanguínea? Apertar os pés nuns sapatos de salto alto que destruam a tua estrutura óssea? Pintar a cara com produtos químicos e cosméticos que foram testados em animais?
- É o que mais quero no mundo! - respondeu ela sem hesitação.

(...)"


"História Tradicionais Politicamente Correctas - Contos de Sempre nos Tempos Modernos"
James Finn Garner, tradução de Francisco Agarez

domingo, 20 de abril de 2008

There's a little queen of the animated screen...


"Boop Oop a Doop" - 1932


"Snow White" - 1933


"Poor Cinderela" - 1934

quarta-feira, 16 de abril de 2008

segunda-feira, 7 de abril de 2008

uma história de cócós


"A toupeira que queria saber quem lhe fizera aquilo na cabeça" texto de Werner Holzwarth ilustrações deWolf Erlbruch editado em Portugal pela Kalandraka

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Manuel Alvess - um gajo surpreendente


Em exposição no Museu de Arte Contemporânea de Serralves até 20 de Abril e pode-se brincar com algumas das caixinhas :)

segunda-feira, 24 de março de 2008

o lobo e a raposa

20 cm x 20 cm

sexta-feira, 7 de março de 2008

Os laços invisíveis

Um sonho de geometria e clareza, um cristalino edifício de omnipresente geometria. O delírio das formas naturais, vegetais e orgânicas. Uma flor que se transforma numa criança luminosa e esta numa madrugada sublime (Philip Otto Runge). A luz matinal e a fantástica floração. O fascínio de um orgão na sua sombria perfeição funcional. Uma minúscula flor é igual ao céu, tem a mesma organização estrutural, a mesma luxuosa simetria

O Edifício possui a consciência das estruturas de tensão, linhas de força e suspensão. Ele é um corpo estranho, hibrído, belo e luzidio, mineral, orgânico, seco, vegetal, mutante, uma natureza cristalizada, um corpo sexual definido por tensões simétricas, leves e resistentes, como uma flor ou um esqueleto. Uma estrutura orgânica que se ordena numa lógica de tensões e forças seguindo secretos desenhos de filamentos de violência pura.

Saber ver, saber ler, saber ouvir. saber não saber nada. A mais pequena flor representa um pensamento.



(bocadinhos de texto roubados a "O silêncio de...", de Rui Chafes
música: Blume, de Einsturzende Neubauten)

terça-feira, 4 de março de 2008

Aprender a duvidar

"(...) Não tenhamos ilusões: uma academia é absolutamente necessária para o aluno aprender que ela não é absolutamente necessária.

Os artistas que nunca frequentaram uma escola de Belas-Artes (e não são poucos) apenas perderam a ocasião e as condições para experimentar e ensaiar caminhos, não perderam a Arte.(...)

A escultura não se aprende. A escultura não se faz, a escultura não é barro. A escultura constrói-se com o que se tem à mão ou nos é mais familiar: ferro, pedra, alcatrão, papel, fotografia, lápis, video, voz, luz, corda, palavras, cimento, palavras de cimento. Uma escultura não é uma existência definitiva nem é esse o seu valor. Uma escultura é um módulo de pensamento, é apenas uma possibilidade, uma hipótese. É uma dúvida, que se transmite a outros (só a alguns, não a todos). É um homem pendurado por um fio, de cabeça para baixo, a tentar manter-se acordado.

Na minha experiência pessoal tive o privilégio de poder conhecer algumas pessoas extraordinárias, entre professores e alunos (aprendi muito com eles) e a oportunidade de lidar com pessoas medíocres, entre professores e alunos, o que me preparou para enfrentar o mundo real, onde há tanta gente medíocre. Também a estes estou profundamente reconhecido. O pior que pode suceder a um jovem candidato a artista é ter ilusões acerca de uma escola de Belas-Artes. Ela é apenas um local onde artistas, teóricos e alguma pessoas ligadas à arte tentam desenvolver estruturas que permitam aos menos experientes ultrapassar a sua insegurança e atacar, de frente, aquilo que acham que pretendem fazer."

Rui Chafes, "O silêncio de..."

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


ilustração de Richard Câmara

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Todas as cartas de amor são ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

diálogo para uma voz

"(...) - O que ouvimos não está do lado de lá, está do lado de cá. Nada é exterior. Tudo é interior. Tudo nos é interior: desenrolamos um fio de sangue no labirinto onde nos fecharam, sentimos uma dôr muda, nos olhos roda um fumo de cigarro devagar.

- Pode ser exactamente o inverso disso: ficarmos, um dia, com a certeza de que tudo o que existe está afinal fora de nós, fora da sala onde nos encontramos, fora da vida que vivemos, sempre para lá de uma cortina de cena que nunca se levantará. Só então podemos esquecer tudo ou tudo recordar. Essa mulher é um novelo de correntes e pesos que não somos nós. Com esses fios de aço se medem os espaços da sua prisão e da nossa liberdade.

- Somos e não somos essa mulher. Esses dilemas não importam. Não há diferenças entre o diferente: de facto, a mulher está dividida por um fio cortante. Tudo está dentro dela e tudo está fora dela. Uma angústia a divide ao meio com gume fino. Quase podíamos dizer que lhe vemos as entranhas. Ou que ela mesma se vê deitada numa mesa de dissecação.

- De facto. não há outro interior para além daquele que os orgãos descrevem.

- Nesse caso, todas as emoções sentidas, e as que os outros julgam pressentir, são reacções químicas para as quais não há trabalho que encontre palavras.

- Uma vida assim reduz-se a uma listagem. A mulher perdeu a memória: o passado e o futuro. Acumula diários onde mede territórios, regista ambientes e atitudes, objectos, elementos e formas. Não está vazia. Apenas não há vazio fora dela, tudo está presente.


- Essa mulher não tem corpo?

- Ela define as fronteiras da sua vida: o corpo, a casa, o trabalho, os objectos. Não se trata de uma presença nem física nem psicológica, mas de uma pura expressão emocional.

- O desejo não tem recuo?

- Não tem recuo, não tem palavras, não tem defesa. É essa neutralidade que destrói os sentidos."
(...)





(tirado de um texto de João Lima Pinharanda)

domingo, 13 de janeiro de 2008

A Coisidade da Coisa

"Toda a gente conhece obras de arte. Encontram-se obras arquitectónicas e pictóricas nas praças públicas, nas igrejas e nas casas. Nas colecções e exposições, acham-se acomodadas obras de arte das mais diversas épocas e povos. Se considerarmos nas obras a sua pura realidade, sem nos deixarmos influenciar por nenhum preconceito, torna-se evidente que as obras estão presentes de modo tão natural como as demais coisas. O quadro está pendurado na parede, como uma arma de caça, ou um chapéu. Um quadro como, por exemplo, o de van Gogh, que representa um par de sapatos de camponês, vagueia de exposição em exposição. Enviam-se obras como o carvão de Ruhr, os troncos de árvores da Floresta Negra. Em campanha, os hinos de Horderlin estavam embrulhados na mochila do soldado, tal como as coisas da limpeza. Os quartetos de Beethoven estão nos armazéns das casas editoras, tal como as batatas na cave."


Martin Heidegger, "A Origem da Obra de Arte"

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

'Bloco operatório' - óleo sobre tela 23 cm x 37 cm