Chegado o dia do baile; Gata Borralheira ajudou a madrasta e as meias-irmãs a meterem-se nos seus vestidos de baile. Tarefa ciclópica: era assim como empacotar dez quilos de carne picada num saco de cinco quilos. Seguiram-se imensas camadas de cosméticos que é melhor não pormenorizar.Ao cair da noite, a madrasta e as meias-irmãs deixaram Gata Borralheira sozinha, entregue à dura lida da casa. Gata Borralheira estava inconsolável, mas teve de contentar-se com os seus discos de Marco Paulo.
De repente chispou um relâmpago e diante dela surgiu um homem como um fato largueirão, todo em algodão, e um chapéu de aba larga. A príncipio, Gata Borralheira pensou que era algum advogado elitista, mas ele depressa a elucidou.
- Olá, Gata Borralheira, eu sou o teu fado padrinho ou, se preferires, o teu procurador junto dos deuses. Queres então ir ao baile, não é verdade? E submeter-te ao conceito masculino de beleza? Espremer-te num vestido tão justinho que te prejudique a circulação sanguínea? Apertar os pés nuns sapatos de salto alto que destruam a tua estrutura óssea? Pintar a cara com produtos químicos e cosméticos que foram testados em animais?
- É o que mais quero no mundo! - respondeu ela sem hesitação.
(...)"
"História Tradicionais Politicamente Correctas - Contos de Sempre nos Tempos Modernos"
James Finn Garner, tradução de Francisco Agarez
1 comentário:
Ah AH!!
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